OMISSÃO COMPROMETEDORA
O aumento do Fundo Eleitoral em quase R$ 4 bilhões, estimulado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é a prova mais evidente do desapreço de nossos parlamentares pela opinião pública.
A aprovação, sob a forma de voto de liderança, não passa de uma escaramuça destinada a evitar que os autores desta tramoia sejam nominalmente conhecidos.
É indiferente para esses fraudadores do erário o fato de contarmos com 57 milhões de residências sem acesso a rede de esgoto; que a malha rodoviária esteja piorando, a cada dia, por falta de manutenção; que o número de hospitais e escolas, sem médicos e professores, atinja um índice alarmante.
Para que os congressistas sejam contemplados pela sua ineficiência serão retirados R$ 500 milhões do Ministério da Saúde, R$ 500 milhões da Infraestrutura; R$280 milhões da Educação; R$ 70 milhões do Programa “Minha Casa, minha vida”.
Contrapondo-se a esta iniquidade, o atual salário mínimo (R$ 998) será elevado em 3,5% a partir de janeiro do próximo ano (R$ 1.031), numa desproporção calamitosa. Há, pois, uma tendência no Legislativo de “cutucar a onça com vara curta”, que importa numa ousadia cujo resultado não pode ser diferente do que ocorreu no Chile e em outros países da América Latina.
Cumpre ao presidente Jair Bolsonaro fazer valer a sua autoridade junto aos que lhe dão sustentação no Congresso, ao invés de fazer vista grossa a essa gastança desenfreada, com a finalidade de assegurar a aprovação de seus projetos com vistas a uma futura reeleição.
Nenhum governo se esfacela de um dia para o outro, mas, sim, na medida em que se omite em relação aos despropósitos visíveis, condescendendo com a prática de atos que aniquilam as classes menos favorecidas.
A vergonhosa providência instituída pelos nossos “representantes” concorre para antecipar o risco a que estamos sujeitos de desabarmos, em curto prazo, num precipício cuja profundidade tornará impraticável qualquer tentativa de salvação.